Edgar e seu criado Peter estão perdidos numa tempestade. Eles sofrem um acidente e são forçados a se abrigar num castelo abandonado na beira da estrada, onde encontram um retrato oval tão realista que os assusta. O que está por trás desse retrato? Qual sua história?
Logo de cara, você vai reparar que as vinhetas desta história são diferentes. Foi a primeira gravação que fizemos depois do término do Labirinto.
A ideia seria estrear um novo programa na Rádio USP chamado "Impérium, onde o sol nunca se põe", uma alusão ao Império Britânico da Era Vitoriana. O programa abordaria apenas esta temática do agitado século 19. Não faltariam aventuras para esse pano de fundo! Este áudio seria a "demo" para a avaliação da rádio. Depois de algum tempo de avaliação, rádio decidiu não levar a ideia adiante. Logo, este é o primeiro e último episódio de "Impérium", que nunca foi ao ar.
Gravamos a história nos estúdios da própria Rádio USP em 1998. Foi provavelmente montada pelo Fontana - que montou a maioria das nossas histórias - e quem faz a voz nas vinhetas é o próprio Giba Rocha, que fez todas as vinhetas do Labirinto.
O roteiro é a adaptação do conto homônimo de Edgard Allan Poe, mestre do terror gótico. Os nomes dos personagens "Edgard" e "Alan" são exatamente para identificá-lo. "Peter" é o nome do criado no texto original e "Berenice" é o título de um outro conto do mesmo autor.
Mais que um conto de Poe, esta aventura baseia-se na primorosa tradução de José Paulo Paes. Muitos trechos do roteiro foram deliberadamente copiados de seu texto.
A atriz Sabrina fez o papel de Berenice. Tínhamos alguma dificuldade de achar vozes femininas para as nossas histórias e, no desespero, imitávamos as vozes femininas. Esta - já na época - ex-namorada do Hugh quebrou muitos galhos ao longo do programa, inclusive a participação nesta gravação, pós Labirinto.
A trilha que dá o clima da metade final da história é Penance de autoria de Ennio Morricone para o filme "A Missão(1986)". Eu adoro esta faixa. O tema repetitivo e circular da melodia empresta o ar de insistência e obsessão. Foi usada muitas vezes nas nossas histórias.
E falando em trilhas, a trilha usada na vinheta do programa foi o tema de "Mary Shelley's Frankenstein"(1994) de um CD do Hugh D'Morville e não meu. A esta altura, eu já havia convertido o Hugh para o maravilhoso mundo das trilhas sonoras de filme :-)
Haqeen